terça-feira, julho 17, 2007

Cara de pin up, alma blasè

Ai que mulher maravilhosa! Discreta, educada, bem criada, prendada, de família mesmo. E não muito bonita... Essa, eu diria que é daquelas "pra casar". Uma sensualidade ainda banha seus olhinhos e sua alma casta, louca para conhecer o prazer de ter um homem sobre si. Louca pra que o marido chegue em casa e que ela lhe faça uma bela massagem nos pés e lhe pergunte como foi o dia, com a janta em cima da mesa e a TV ligada na novela. Amélia como ela só, adorava novelas e passava a tarde costurando e assistindo a novela. Quieta, simpática, com cara de mãe e um jeito de ser todo meigo. Carolina era assim, a mulher ideal para passar o resto da minha vida.

Ai que mulher maravilhosa! Ninfomaníaca, uma maluca na cama, charmosa, encantava todos os homens daquele lugar, perfumada, pele macia ao toque e suaves pêlos que se arrepiavam no mais suave assoprar. Essa, eu diria que é daquelas "pra uma noite". A sensualidade brotava de todos os poros do seu corpo, desde o mais leve mexer da mão até o andar rebolado ao se dirigir a mais um cara daquela casa. Louca estava para ganhar mais perfumes, mais presentes, mais dinheiro, ser a mais desejada, comprar cremes de pele, sapatos de bico fino, lingeries caras... Falava um francês engraçado, com um sotaque altamente "lady françois" e se sentia a melhor, o que fazia dela, a melhor, com toda aquela segurança que só ela tinha.
Sophia, como ela só, adorava piano e passava as tardes tocando sinfonias tristes no seu piano tão velho, herdado da avó. Sophia era assim, a mulher ideal para passar também, em segredo, o resto da minha vida.
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A minha cara de Amélia, engana... Meu jeito assim, acho que enlouquece mais os homens do que qualquer prostituta de esquina. Tive uma educação boa, fui bem criada sim.. Mas conheci bem cedo dos prazeres carnais e isso ainda não me priva de ter essa cara tão "dona de casa". Talvez até eu possa ser. Aprendi com minha avó todas essas coisas valorizadas para um casamento, apesar de nunca querer ter casado. Queria eu ter uma vida mais livre. Mas como não valorizei meus tempos de estudo, talvez eu tenha mesmo que desenvolver essa qualidade, para me casar com um homem rico, que me sustente, definitivamente. Sou Carolina e tem sido assim desde que descobri que Jorge me vê assim, tão "Amélia". Não me importo, eu quero apenas uma vida confortável, para cuidar de mim e da minha beleza. Que por sinal, aquele tolo, acredita não ser tanta.

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Aprendi a tocar piano muito cedo para trabalhar nas ruas desde que meu pai morreu e não pôde mais administrar as finanças da família. Aos 18 anos, tocava em bares e pubs nas ruas de uma Europa suja e hedonista. Tudo aquilo me enojava, aqueles desejos imundos dos mais ricos ingleses e franceses. Aqueles homens sedentos de prazer, que encostavam em mim, como se eu fosse uma prostituta. Aquilo, definitivamente, me entristecia.
A madame do bordel, um dia me disse pra eu aprender a agir como tal, assim eu ganharia mais dinheiro para ajudar minha mãe. Eu topei. Ela estava muito doente. Um dia no bordel, ofereceram muito pela minha virgindade. Eu topei, ajudei minha mãe e fui embora da Europa, com nojo de mim mesma.
Encontrei-me com um brasileiro quando viajava pela Argentina. Jorge era o nome dele... Me encantei só de olhar para ele. Namoramos.. E ele me levou ao Brasil, mas disse-me que não podíamos ficar juntos. Eu quase morro! E sem dinheiro algum, procurei um emprego. Nada de emprego, fui tocar piano na noite, como antes. Mas com jeito de mulher bem resolvida, cara de putona. Mas morrendo por dentro. Jorge aparece lá e tenta me beijar, não recusei e ele disse-me que iria se casar e queria que eu fosse a madrinha de seu casamento. Que teríamos um relacionamento discreto se eu topasse. Não, Jorge! Saia daqui.
Sou Sophia, uma pinup meio blasè e tem sido assim. E vai ser assim pra sempre.

Um comentário:

Isa Dora disse...

Interessante...

Vou ler mais uma vez.

Gostei :)