quarta-feira, julho 18, 2007

Lavínia, sua mãe

A mãe de Mariana, Lavínia, era de áries. E como toda boa ariana, detestava perder o controle da situação. Era assim com tudo: Marido, filhos, papagaio, cachorro, amigos. Lavínia se preocupava exageradamente com todos eles. No que eles faziam, no que eles comiam, sobre quem eles estavam andando, ou falando. Era assim, ela era assim.
No começo, Mariana achava toda aquela preocupação saudável, "coisa de mãe".
No entanto, aquela preocupação toda, foi sufocando Mariana, que estava detestando aquela amizade forçada que Lavínia impunha. "Nós devemos ser amigas, filha." Dizia ela.

Lavínia gostava de ser cercada de hipocrisia, pensava Mari. Seus amigos sorrindo pra ela, seu marido como o melhor de todos os outros homens, suas filhas bem criadas, cuidadas e na igreja. Enfim, ela queria assim. E enquanto estivesse assim, pra Lavínia estava bom.
Jamais havia pensado sobre os problemas que cada um que a cercava, enfrentavam. Queria que tudo estivesse agradável aos olhos dela e somente que a fizesse sentir no poder, no comando.

Um dia, Mariana vira e diz: "Mãe, eu não vou mais à igreja. Cansei de tanto ver pessoas te cobrando atitudes que nem elas mesmas se importam de estar cometendo na sua frente."
"Ah Mariana, você vai sim! Ou fica sem computador."
"O que mais importa, mãe? Aparência ou felicidade?"
"Aparência, Mariana. E cala essa sua boca, antes que eu te proíba de mais coisa, porra!"
"Falando palavrão, mãe? Isso não se aprende na igreja"
"Cala a boca, Mariana!"

Os diálogos de "amiga" foram ficando assim. Insuportáveis para Mariana, que odiava barraco e gente falando alto. E Lavínia até que fazia isso bem. Mal começava a discussão, ela levantava o tom e já se impunha. Mariana se calava.. Tinha aprendido uma vez, que é muito melhor deixar certas pessoas falando sozinhas.
E Lavínia, acostumada já a falar sozinha, exigia respostas.
Mariana as dava. Respostas para ela se calar. As respostas que ela queria ouvir.. Mariana se feriu por dentro, estava insegura e com vergonha.
Vergonha de ser lixo por dentro.
Lixo guardado das palavras duras e tão impensadas de Lavínia, sua mãe.

Um comentário:

Isa Dora disse...

Hum... Olha, eu até q já vivi muito essa situação. Acho q as coisas (aqui) mudaram muito, já foi pior.
Hoje eu odeio viver de aparência, eu quero fazer o q eu gosto, e o q eu não gosto mando pra casa do carai.
E farta de hipocrisia. Se é pra sentir, chorar, sorrir, ser amigo, ser amante... q seja de verdade.

Aff, aff, viu...