segunda-feira, agosto 27, 2007

Costumeiro

Me lembrei ontem que estava acorrentada pelo sentimento que mais cativa alguém: COSTUME. E costume é assim:
Lembrar de alguém no fim da tarde, lembrar de um bom cafézinho com pão de queijo à tardezinha, lembrar de dormir abraçado no frio, de se largar no calor e cair na dança de dois corpos. Conversar sobre a semana, ganhar horas perdendo horas no msn com quem se ama. Ah, o costume cativa.
E acostuma-se com quem se ama, com o cheiro de quem se ama, com o gosto de quem se ama. E quem se acostuma, não quer mais saber de outrem. Porque é tão difícil para um pássaro cativo sair da gaiola, mesmo que ela esteja aberta?
Por causa da incerteza de perder o costume da alpiste de todos os dias. Se o amor liberta, o costume aprisiona.
O costume é egoísta. O amor, altruísta.
Então não somos presos pelo amor, somos meros escrevos do costume.
Ensina-me a querer enlaçar-me em teus braços altruístas de amor, mas não deixe-me que me lance sob os domínios do seu cativar.



“Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que a voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,

Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver perdido aquilo que perdi ...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido, e escondido
Entre os galhos das árvores amigas ...

Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade:
Não me roubes a minha liberdade ...
Quero voar! voar! ... “

Olavo Bilac, o pássaro cativo

2 comentários:

Carol disse...

amigaaaaaa
saudade de vc minha gata
como vc esta??
estudando muito
vê se não some
te amo infintamente..
=*******

Isa Dora disse...

Coisa difícil é não se apegar aos costumes.

Já dizia Bethânia, (ou seria Roberto Carlos?):
"Eu pensei que pudesse esquecer
Certos velhos costumes
Eu pensei que já nem me lembrasse
De coisas passadas
Eu pensei que pudesse enganar
A mim mesmo dizendo
Que essas coisas da vida em comum
Não ficavam marcadas..."