terça-feira, outubro 20, 2009

velocity;

peguei o carro aquela noite. queria velocidade, rock pesado, marlboro light e diversão fácil. os policiais não poderiam ver, mas eu tinha heineken nas mãos. os policiais não iriam mesmo ver, eu tinha raiva no coração. o carro desgovernou, capotou trinta vezes. e eu ri vendo tudo desmoronar. Ri descontroladamente, sozinha até ficar sem ar. até não conseguir mais ver nada na frente, só a poeira levantada.
levantei os olhos, abri a porta do carro e estava tudo muito turvo. por pouco não colidi numa árvore. mas o carro estava detonado, sem jeito de sair de novo com ele. estava sem celular naquele meio do nada e sem contato com nenhum outro ser, que não fosse meu alterego amedrontado. e a luta travou-se em meio a poeira. era eu contra eu. e decidir era talvez destruir-me.
nada de cortar os pulsos. nada de querer tudo de novo. nada de nada e tudo de novo. sai andando pela estrada. talvez um carro me atropelasse. não, melhor. talvez um carro me achasse. e me levasse de volta. buzina. e o carro para e me leva. não pra casa. me leva para o céu. depois de muito sangrar;

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