quarta-feira, janeiro 19, 2011

Covarde, vaidosa, orgulhosa... Hmmmm...!

Descobri que sou covarde. Eu que me intitulava corajosa, lutadora e destemida, me vi absolutamente arrasada e fraca. Tinha uma floresta me impedindo de chegar até você e eu não queria enfrentar o desconhecido ou achar dentro dela uma porção de bestas e feras que eu jamais havia pensado que existissem. E será que faria realmente algum sentido eu me lançar nessa aventura se a recompensa não fosse exatamente o que eu esperava?

De onde vinha essa suposta coragem que eu exalava? Aliás, quer saber? Eu vou abrir o primeiro portão. Entrei na mata densa e obscura e a primeira fera que encontrei tinha um nome cruel: Orgulho. Não, eu não lutei contra ela e ela acabou me vencendo. Sangrando, nada melhor do que um curandeiro, um ancião... Desejei e ele veio: "A cura contra a primeira fera está em você." Seus cabelos brancos emanavam sabedoria e eu tive forças novamente para recomeçar e enfrentar aquela fera horrorosa.

O Orgulho sabia bem como me ferir colocando algumas imagens de vidas atuais e passadas que me faziam pensar que ele era uma besta que não me agredia, mas que me ajudava. Só que pensar e repensar sobre o quanto ela havia sido traiçoeira quando abriu o portão me acordou para o real sentido de manter essa fera enjaulada dentro do coração.

Lutei contra ela e venci. O ancião voltou e disse que eu estava no caminho certo para encontrar a minha recompensa. Continuei correndo mais rápido, afinal, tinha vencido a primeira batalha. Mata a dentro, de repente vejo uma luz que mostrou um grande espelho. Ele só mostrava a mim mesma. A mata tinha sumido e todas os perigos ao redor. O ancião tinha me avisado que a segunda fera seria a mais bela e eu me apaixonaria por ela. "Não se renda aos encantos da segunda besta, minha filha."

Pensei logo que uma besta jamais poderia ser um espelho e continuei me olhando. Comecei a ver dentro de mim e logo me veio um conforto inigualável. Uma das melhores sensações que já tinha sentido. E seria essa a recompensa? O autoconhecimento? Logo vieram as piores dores de se ver por dentro de verdade: defeitos, erros, vergonha, humilhação e dor, muita dor mesmo.

Fui lançada pra bem longe. Era a fera Vaidade e ela tinha me enganado. Voltei novamente ao espelho e não me deixei enganar. Não, eu era outra e já me conhecia e essa fera não ia mais me vencer. Saí correndo rapidamente contra o espelho, eu não ia mais me cortar, claro que não. Corri livre e quebrei todo o espelho. Descontroladamente eu ouvi gritos da fera que eu tinha acabado de arrebentar e o ancião veio ao meu encontro: "Você está a um passo da sua recompensa, mas você precisa provar do impuro e do intragável."

Depois de quebrar o espelho, tinha uma fonte de água muito suja e fétida. Eu estava com muita sede, mas jamais beberia aquilo. Dentro daquela sujeira eu vi um sorriso que me seduzia lentamente a beber daquela água horrorosa. NÃO, EU NÃO VOU BEBER ESSA PORCARIA.

Fiquei sentada, mas queria sair de perto daquela fonte malcheirosa. Toda vez que andava, eu voltava para o mesmo lugar. Minha sede ia aumentando e não via outra saída a não ser beber daquela água. Peguei um pouco na água e bebi um pouco. Por mais impressionante que possa parecer, ela era deliciosa e fresca.

A fonte sumiu e de repente me vem o ancião:
"Você é uma pessoa muito resistente e as vezes a vida pede um pouco mais de compaixão, de doçura e de ternura. Quanto mais a resistência, mais demora a recompensa, mas ela vem com mais e mais vantagens, pois você aprendeu a ver as qualidades onde não existia depois de vencer seu orgulho e vaidade. Sente-se e verás tua recompensa;" - "Agora vire-se, ela está atrás de você!"

DROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOGA, não é um príncipe de cavalo branco.

Um comentário:

June Ravenna disse...

Que texto maravilhoso *-*