segunda-feira, fevereiro 19, 2007

.Mistério


Mariana com o leve toque doce toque de suas mãos me estremecia e me obrigara então, a descrever as sensações contidas nos seus mistérios de amor. Era o bastante se eu dissesse que ela era única para mim, seria suficiente se eu guardasse o segredo daquela noite no meu coração para sempre, para que ela possuísse os meus sonhos para sempre.

Mas Mariana não pôde sentir meu amor e ainda me arrependo disso para sempre.
E hoje, suas mãos gélidas e com flores em volta da sua auréola de beleza pueril, ainda me perseguem e me fazem mais alguém que ainda espera que sua morte possa ser para mim, o conforto dos meus dias. O conforto do amor impossível que eu sempre alimentei O sonho de possuí-la para sempre era até uma pseudo-realidade, com sua morte inexplicável.

Era um domingo como outro qualquer, ela me agraciava com os raios que brotavam de seu sorriso doce e misterioso. Estava de longe, observando ela se balançar perto do jardim de sua casa na árvore mais alta, onde seu pai havia colocado um balanço para ela, que adorava esse ambiente bucólico de sua casa, pois tinha uma fascinação incrível pelo campestre, pela primavera e pelas crianças. O que fazia dela, a mais especial das criaturas terrestres com um tom rosê tão agradável quanto puro. E eu observando da janela, sempre.

Até que ela sutilmente acena para mim, com um sorriso magnífico. Que brilhava como o marfim mais polido e trabalhado desse universo, parecendo mesmo, que Deus havia roubado o brilho das estrelas e colocado naquele indefectível gesto sutil e alegre, que jamais havia visto antes. Eu, sem graça, acenei e logo saí da janela, senão iria parecer que a estava observando há muito tempo. Fui até o jardim e ela havia desaparecido. Fiquei sem entender aquela atmosfera de mistério que envolvia aquele ambiente, algo sinistro até, sobrenatural e indescritível. Olhei sua casa e toquei um sininho que havia na porta de sua casa. Sua mãe me disse então, que Mariana estava no quarto há dias muito doente e que não tinha saído de lá desde a semana passada.

Intrigado, perguntei à mãe dela, se eu poderia então vê-la. Sua mãe disse que eu poderia sim, pois ela estava esperando ansiosamente por alguém, que ela não sabia quem.
Entrei naquele quarto mórbido e a vi definhando naquela cama. Mas seu sorriso ainda brilhava e seus olhos mantinham um ardor indescritível e com uma vontade tamanha de viver, apesar de eu não acreditar em sua recuperação após vê-la naquele estado. Não me conti e chorei; como uma criança desconsolada e triste.

Cheguei perto e ela com suas mãos quase esqueléticas, acariciou meu rosto numa expressão compadecida de mim, mas doce e gentil, tão meiga que me tinha feito parar de chorar e me havia arrancado um sorriso da face. Olhei para ela, sorrindo e disse: Mariana, você está linda! E sim, ela estava. Apesar de sua doença misteriosa e de seu olho fundo, porém de olhar doce. Ela me olhou sorrindo e me disse que esperava por mim, pois sabia que eu estava esperando para vê-la na janela. E eu confuso perguntei-lhe como... Ela disse que não sabia, mas que queria que eu a visse naquele derradeiro instante de sua vida sem mácula.

Cerraram-lhe seus olhos. O vento da morte havia passado por ali e eu nem tive tempo de me despedir dela e muito menos de parar aquele vento sorrateiro com a palma da minha mão. Triste, mas aliviado, só tive tempo de lhe dar um beijo em sua boca tão gélida e faminta por dizer palavras de conforto para mim. Minhas lágrimas, marcaram aquele rosto cândido com fervor e delinearam o caminho percorrido pela lágrima de uma paixão sobrenatural esculpida na minha alma para sempre.

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