quinta-feira, novembro 25, 2010

Olhe para si mesmo.

Diariamente vivemos um massacre silencioso que marginaliza, pune e destroi expectativas de seres humanos normais que merecem ter o seu lugar na sombra. Essa engrenagem invisível, a qual chamamos sistema é o reduto de ações que passamos e fazemos todos os dias em busca de uma felicidade (ou de um sucesso), que pode ser inatingível.

Então, quando falamos de traficantes, de favelas e de mendigos nas ruas, pouco pensamos em nós mesmos, no intuito de diminuir o sofrimento dessas vítimas da corrupção, do descaso e da falta de cidadania.

Quando alguém fala de traficante, logo vem na cabeça aquela pessoa monstruosamente estereotipada para que você tema e não se aproxime jamais daquele ser desprezível que supostamente é o carro-chefe de todos os roubos, assassinatos e carnificinas. Por que não olhamos para um contexto que grita e escancara todos os dias a cruel realidade do descaso?

Me deparei hoje com algumas frases condenando o uso de drogas pois isso seria uma espécie de "financiamento" de tudo de negativo que há na sociedade. As drogas são um problema terrível, claro. Mas porquê somente elas financiariam esses problemas sociais? Será que nós mesmos não contribuimos todos os dias para um massacre de seres humanos nos diversos sentidos?

Passamos em ruas movimentadas e desviamos de mendigos e pessoas "suspeitas". Ouvimos músicas que denigrem as pessoas, compramos DVDs piratas, roubamos o troco, não sorrimos a quem nos sorri, jogamos lixos nas ruas, somos eternos fingidos e adoramos colocar a culpa dos problemas do mundo no outro.

Se somos contra o uso das drogas em uma sociedade que banaliza o prazer em pílulas, somos diretamente a favor da legalização delas? Ter a sua planta de canabis em casa faz de você um cara melhor por não "financiar" o tráfico nacional e internacional? É importante pararmos para pensar que pagamos todos os dias para o lixo que o mundo se torna e pagamos caro não recolhendo as bandejas que comemos nos shoppings e aceitando panfletos para jogá-los nas vias públicas.

Como "investidores de ações" sociais, o que multiplicamos ao outro? Antipatias e inimizades? Fingimentos, hipocrisias e falsidades? Multiplicamos PILANTROPIA distribuindo esmolas a miseráveis acomodados e continuamos criticando mulheres que abortam se não tem condições de criar seus filhos e muito menos estrutura social para ajudá-los?

Continuamos nossas vidas depois que essa guerra civil que está o Rio de Janeiro passar. O efeito que isso nos provoca é muito pequeno, quase nada. Estamos mais preocupados no IPAD que compraremos no final do ano com o nosso décimo terceiro salário.

Antes de criticar e apontar culpados olhe para dentro de si mesmo e pense: " no que eu estou investindo todos os dias?"



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É delicado falar desses assuntos envolvendo drogas, aborto, sexualidade e afins e não pensar sistemicamente e entender que os generalismos são ignorantes e que apontar alguns e efetuar julgamentos baseados em teorias rasas é o caminho para se tornar uma pessoa medíocre e bastante egoísta. Ao invés disso, vamos orar, torcer e buscar, todos os dias o verdadeiro sentido da existência através de amizades verdadeiras, da família e da capacidade de tocar o próximo.

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Sim, sou a favor da legalização da maconha, mas não em termos de solucionar problemas sociais, mesmo porquê, ninguém sabe o real efeito disso. Sou a favor da liberdade de escolha, do maior letramento, do conhecimento e do que faz bem.

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A favor do aborto também, pois uma vida não desejada, pode causar danos irreparáveis em outras vidas que "não teriam culpa de nada". A favor da liberdade de escolha, novamente, com relação ao seu próprio corpo e sentimentos.

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Detesto pilantropia e dar esmolas para mim é um péssimo exemplo.

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E sobre as bandejas do shopping, não custa nada jogar os restos de comida no lixo, afinal, tem alguém esperando para sentar nas mesas logo depois de você, então, custa ser gentil?



- Paz no Rio de Janeiro e no mundo; mas isso depende diretamente dos nossos esforços pessoais para consolidar esse processo de melhora contínua e paciente.


http://www.youtube.com/watch?v=mpDHQVhyUrY - Assista o vídeo do Profeta Gentileza;

3 comentários:

Gustavo Afiune disse...

Dani, alguns pontos você está realmente certa, porém discordo de alguns.

O tráfico é sim o principal fator criminal no Brasil, principalmente pela entrada e disseminação ilegal de armas. Claro, não discordo do fator social envolvido, mas não se pode comparar o poder maléfico de um traficante com um cidadão comum.

Drogas não é justificável em nenhum momento, plantando em casa ou não, pois duvido que alguém vendo a facilidade não poderia pensar em tirar lucro com isso.

Comparar jogar lixo na rua com tráfico é praticamente incoerente, não há padrões para isso. Isso é falta de educação e modos, se você levar pelo contexto educacional, até pode haver uma comparação, porém infinitamente menor.

Na verdade, o que proporciona um caos generalizado é a falta de uma política pública decente, descaso de autoridades durante anos, a total falta de punições(sistema penal como um todo) e a educação de baixa qualidade, que nos leva a esse jeitinho brasileiro.

Dani disse...

Adoro discutir com pessoas como você, Afiune. Lembra dos nossos papos de universidade? LoL

Bom, a minha opinião todo mundo sabe. Não sou contra ninguém fumar seu baseado, afinal, a maioria das pessoas que conheço usam. Pessoas boas, ruins, riquíssimas, miseráveis. Então, considerar pessoas como estas financiadores diretos do crime organizado me soa como radicalismo.

Assim como, citar princípios de esquerda de suvaco é bastante clichê e pouco eficaz. Vemos antropólogos e sociólogos que falam falam e pouco fazem.

O problema sistêmico é dejeto do sistema e de um governo de merda que cala minorias e silencia escravos de uma mídia de massa ignorante e estúpida.

Anônimo disse...

Direito de escolha. Concordo plenamente.